terça-feira, 20 de julho de 2010

























Já lhe disseram alguma vez que não importa o que aconteça o show deve continuar?
Pois bem, se nunca lhe disseram eu estou dizendo.
Nunca se pode parar.
Afinal, de que adiantaria construirmos toda nossa vida, todo o nosso mundo. Para simplesmente deixarmos tudo para trás?
Sentarmos na arquibancada da vida. E simplesmente assistirmos os nossos sucessores viverem seus momentos de glória, até que venha se sentar conosco?
Se o correto fosse esse, Você não acha que dado deste momento nossas capacidades de manter o show em ação simplesmente fossem substituídas pela capacidade de assistir, opinar, mas nada fazer?
mas isso meu caro, não ocorre. E devemos manter firmes as rédeas de nossa vida. Nos mantendo ativos, ou encontrando novas atividades.
Recriando a idéia do show.
Fazendo-d parecer novo e atraente. Para que, mesmo pessoas em seus próprios shows queiram, nem que seja por um período, fundir o seu palco com o nosso. Deixando maior, com mais ambientes. Mais cores, mais idéias, mais agradável, sem dúvida.
E porque não?
Afinal. Nada somos, se não tivermos com quem dividir nossa vida!














Me sentia flutuando em meio a um vórtice de cores.
Mas não se engane achando que isso é algo maravilhoso e extasiante.
De qualquer forma não é algo ruim também
Isso faz pensar muito e muito rápido... Mas por incrível que pareça, é muito mais simples acompanhar os pensamentos. Já que eles estão despidos de toda aquela máscara que colocamos todos os dias, em todo e qualquer pensamento inocente que se possa ter.
Seja por costume ou medo. O fazemos, pois somos levados a crer em uma série de conveniências.
Certo e errado. Belo e feio.
Concepções alheias.
Mas aqui, no meio deste lugar. Tudo se funde. E não há mais belo e feio, certo e errado...
Apenas existe!
e isso sim é extasiante e maravilhoso...
Simplesmente SER!

domingo, 18 de julho de 2010


Você já sofre de insônia?
Já passou longas noites de escuridão se revirando nos lençóis, que derrepente parecem o lugar mais desconfortável do mundo?
Minha sorte é tê-lo aqui agora.
Para compartilhar desta longo período onde sequer se pode fazer o que se faria durante o dia.
Sabe, houveram vezes em que eu torcia para que o relógio parasse. E assim a noite jamais chegasse. Somente para me poupar destes momentos horríveis
Para você talvez, a noite seja como é para a maioria, um alívio. Um momento de descanço. Mas pra mim, meu caro, essas horas silenciosas são como a pior das torturas.
Já ouviu seus pensamentos gritarem? Justo no momento que não há mais sons para abafá-los?
E sabe o que é mais impressionante? Com certeza você já experimentou. O som dos ponteiros do relógio se tornar marteladas na sua cabeça.
Mas sem dúvida hoje é uma noite feliz. Pois apesar de a insônia estar aqui novamente, me mantendo prisioneira no mundo dos vivos, tenho sua companhia.
Você mantém a cama quente. Me ouve, conversa comigo. E certamente me entende.
Ah! Realmente...
Era isso o que eu desejava nas torturantes noites intermináveis. E realmente, vale a pena.
Desejava também poder fazer estas noites povoadas de pensamentos poderem se tornar um livro.
O livro do mundo dos que não dormem.
Você já escreveu um livro? Isso realmente deve ser maravilhoso. Colocar as pessoas no mundo que sua mente criou.
Em minha mente, há um mundo agitado. E talvez seja isso que me mantém acordada. Mas você iria adorar conhecer este meu mundo. Ia se sentir em casa, provavelmente.
Certa vez juro que pude ver Morfeu colocar as pessoas para dormir!
Não, não estou inventando!
É a mais pura verdade.
Sabe como ele faz isso?
É uma música. Tão suave que seus ouvidos, quando ouvem, fazem você sentir sono. E ouvir sua cama lhe chamar. Faz o calor de sua cama ser a melhor sensação do mundo.
Mas não um calor como esse de tê-lo aqui no escuro comigo. Ah, não...
É diferente, eu imagino. Pois jamais ouvi a musica de Morfeu.
Tem razão. Quem sabe já tenha. Mas era muito pequena. E não me lembro mais disso.
Mas já falei demais. agora quero saber o que você faz em suas noites longas e cheias de insônia!
Querido... pode me levar ao seu mundo! Vo7u ouvir seus pensamentos e te entender. Como fez comigo até agora!
***
Olá!?!
Você me ouviu?
*dormindo*
Vecê está dormindo...

sábado, 10 de julho de 2010

Fui acordada no meio da noite Por nada mais, nada menos que os estampidos finais de uma Sinfonia tocada por uma Orquestra.
Pode ser que fosse sonho.
E neste sonho a orquestra tocava a mais bela das musicas.
E em sua conclusão, os fortes sonso dos metais me acordaram. Aquilo era absurdamente real.
E a sensação simplesmente maravilhosa.
Se for um sonho, desejo dormir novamente. Somente para ouvir outra destas obras maravilhosas. que simplesmente não existem no mundo das pessoas acordadas.
Somente no meus sonhos. Onde os sons são doces e precisos. Onde tudo é possível.
Onde os salões de música são simplesmente os melhores lugares do mundo para se estar. Lindos, enfeitados e com coloridos reflexos de cristais inexistentes.
Onde se é possível, não somente ouvir, mas também sentir, tocar e provar uma maravilhosa música!
Impossível?
Até pode ser. Se você for racional demais.
Mas nada é impossível no mundo dos sonhadores.
Onde músicos criam em tempo real. Como se o próprio ar fosse uma enorme partitura que todos podem ler e tocar simultaneamente.
Onde todos criam juntos e em harmonia.
Criando a Música da Vida!

Encolhida naquele lugar, olhando o parque das crianças coberto de neve. Olhando, mas sem ver.
Meu pensamento estava em outro lugar. Mais precisamente no escritório do meu pai. Onde eu estive algumas horas. E vi tudo que ele havia me ensinado simplesmente ruir.
Com raiva uma lágrima correu pela minha bochecha que diferente do tempo ali fora, queimava. Não consegui mover minha mão para secar a gota intrometida.
E a lágrima escorreu pelo pescoço até encontrar a gola da blusa, onde ela parou. E logo despois desta lágrima, uma sequência de outras passaram a rolar.
E a visão de meu pai, aquele que me abraçava e aconselhava, beijando ninguém menos que minha melhor amiga, simplesmente não saia da minha mente.

Aquilo era traição demais, Mentira demais.
Ele sempre me ensinou a ser correta. A ser boa, racional. Tudo MENTIRA!
E com minha amiga? Aquela por quem eu nutria o maior carinho? Confidenciava sentimentos, e ouso até dizer aquela que eu AMEI!
Se engana ela se pensa que irá se redimir comigo.
E minha mãe?
como olharei pra ela hoje. sem lembrar que era traição com ela também?
Se eu contar serei a pessoa que iniciará uma série de momentos ruins. E se não contar serei cúmplice.
Nesta hora notei que eu mordia meu lábio inferior com mais força do que eu imaginava. E só notei isso porque eu senti o gosto de sangue.
E ao olhar minhas mãos já cianóticas de frio, vi que também sangravam. com os arranhões que eu mesma havia feito sem notar.
Eu queria gritar... eu queria correr.
Queria machucar eles. Para que eles sentissem a mesma dor que eles me faziam sentir.
E era exatamente isso que eu ia fazer.
Neste momento, levantei do lugar onde eu estava e fui para casa. Cega pelas lágrimas e guiada pela raiva.
Na porta de casa eu parei, lembrei de minha mãe. Ela estava no trabalho. Movida por essa confiança, entrei. Agora era tarde pra voltar atrás. E eles iriam merecer isso.
Fui até o quarto de meus pais, direto a caixa que ele mantinha escondida, e não sabia que eu sabia de sua existência.
Peguei a caixa toda e coloquei na mochila. O barulho de metal batendo me seguiu até o escritório de meu pai. Onde entrei e dei de cara com a mesma cena. Neste momento eu bati na porta com força. Queria gritar, mas sabia que a voz não sairia.
E os dois com os rostos vermelhos, me olharam apavorados. Meu pai abriu a boca para começar a falar, mas eu estendi a mão para que ele se calasse.
Puxei a caixa da mochila e joguei sobre a mesa. A cara vermelha do meu pai mudou repentinamente para o branco de pavor.
Da caixa eu puxei um papel cuidadosamente dobrado e uma caixinha vermelha de plástico.
Entreguei o papel para a Traidora que minha amiga tinha se revelado. Logo agora que eu estava tão feliz. e abri a caixinha que continha nada menos que uma correntinha com um pendente de metal com uma letra gravada nele.
O papel se tratava de um exame de sangue. que comprovava que ela, aquela maldita traidora, era filha de meu pai. de um relacionamento que ele não quis assumir. Afinal tínhamos a mesma idade. o que prova que era um caso extra-conjugal. O rosto dela ficou sem sangue repentinamente. e ela me olhou, e as lágrimas começaram a rolar. A cara dela era um misto de culpa, pedido de desculpa e raiva.
Ela olhou para nosso pai. Que segurava a correntinha de olhos baixos. e fez algo que eu jamais esperei que ela fizesse. E algo pelo qual eu me culparei eternamente.
Largou a carta sobre a mesa foi em direção a janela. Abriu, e saltou.
Amiga/irmã perdida. Pai perdido. Vida perdida.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

" O que isso muda em uma pessoa?"
Uma amiga fez essa pergunta retórica diversas vezes em uma tarde ensolarada, com os olhos marejados de lágrimas.
Devo admitir que isso me fez perder o sono, tentando encontrar uma resposta. e a única resposta a que eu consegui chegar foi que eu realmente não sei o que faz algumas diferenças pesarem tanto.
Porque exatamente, quando as pessoas são diferentes ou gostam de coisas diferentes são tão marcadas? Por que viramos motivo de piadinhas sem graça e chacotas?
Ainda me recordo do tempo que eu frequentava a escola. o quanto eu tive que aguentar, simplesmente por não ser o que a sociedade julga certo para alguém da minha idade.
Lembro de chorar e me perguntar o que isso mudava em mim. Me lembro do medo, da vergonha. Lembro ainda de me esconder por isso.
Mais tarde, tentei me adaptar a sociedade. Me moldei conforme as exigências. Fiz coisas para agradar, para ser "normal". Mas isso sem dúvida mais me machucou do que me fez ser aceita.
usar as roupas, a mascara. Agir de acordo com o esperado. Calar idéias e opiniões. Todas coisas que foram engasgando, corroendo, abrindo profundas ferida. E a maldita da aceitação jamais chegou.
Eu continuei sendo diferente, estranha, e além disso, havia me tornado algo que eu não gostava.
Muito tempo foi necessário, muitas lágrimas, muitas palavras, que aos ouvidos alheios soavam como besteiras. Mas acabei por encontrar um lugar em mim. Um mundo só meu. Que não me isola do mundo, mas me poupa de muitas coisas.
E acabei concluindo, que isso é tudo uma questão de liberdade. Não liberdade física, e nem social. Mas liberdade pessoal.
Eu mesma me permitir ser livre. Me permitir pensar livremente, sentir livremente. Sem medo de que isso não se enquadre no padrão.
Mas isso também é uma via de mão dupla. Que pode tanto te libertar, como te prender mais, Porque olhar demais para dentro somente machuca e isola.
Nos faz querer respostas para questionamentos que são irrelevantes.
Mas o que isso muda na vida de alguém?
Absolutamente nada, se vocês estiver de acordo com você mesmo. Mas e se não estiver?
Bom, então é chegada a hora de parar, pensar, rever idéias, conceitos, pensamentos.
Não é um exercício fácil, e na maioria das vezes, esses questionamentos não tem fim.
Venho me questionando desde que me recordo. E ainda não cheguei a uma resposta.
Quem sou eu realmente? Sem artifícios, sem mascaras.
Não sei se um dia irei descobrir.
As coisas faço, são coisas que eu gosto?
As coisas estão de acordo com o que penso?
Ou eu simplesmente entrei no piloto automático, usando a receita da sociedade?

"E o que isso muda em mim?"



terça-feira, 6 de julho de 2010


Tudo estava silencioso....

Nem mesmo os insetos se permitiam fazer barulho, talvez por causa da tensão que pairava no ar da noite, ou quem sabe o cheiro de sangue incomodava os sentidos até mesmo dos insetos.

A cena estava longe de ser uma cena bonita.

Jamais ninguem iria fotografar, nem pintar e muito menos comentar um momento como aquele. Nem mesmo os artistas mais ávidos de sangue iriam querer degustar as feições de pânico estampada nos rostos jovens e mortos.

Todos os rostos mortos.... pálidos.... Alguns cobertos de sangue, outros de terra e alguns ainda era irreconheciveis

Por que?

Alguem sabe me responder por que aquela bomba fora jogada ali? Ninguem perguntou para a morte, ou melhor dizendo, pra mim o que eu pretendia fazer naquela noite. Será que eu nào esperava ouvir radio e tomar chá como a maioria das familias faziam em tempos de paz?

Será q eu nao tinha um ingresso pra opera?

Não...

Ninguém nunca pergunta: "o que será que a ceifeira pretende fazer esta noite, será que nao atrapalharei seus planos morrendo???"

E aqui estava eu....Em uma das mais dolorosas cenas que eu presenciei em todos esses seculos de trabalho árduo e interminavel.

Uma bomba meus caros...

Uma enorme bomba...

Em um hospital de guerra...

E só uma figura se destacava no meio de tudo isso

Uma pequena garotinha de cablos avermelhados e pijama branco...

Mas essa estava longe de ser uma das vitimas... Nem mesmo outra ceifeira.....

Imaginem.... pra que 2 em uma mesma tragedia?

Em tempos de guerra como essa.. Que diga-se de passagem foi a pior que já presenciei....

Era um país por ceifeira... E fiquei satisfeitas

maldito trabalho não remunerado. Eu sequer escolhi isso

Comecei meu trabalho recolhendo uma por uma daquelas pobres almas. Enterrando as minhas maos gelidas nos peitos daquelas pessoas que um dia tiveram uma historia, e retirando a sua pequena essência, sua fagulha de vida, sua consciência, e depositando no frasco, que parecia mior que coração de Mama, sempre tinha lugar pra mais um. E depois depositar todas essas memorais na nossa imensa bacia , onde elas seriam tratadas e depois recolocadas em novas carcaças, pra adquirir mais memorias e enriquecer o nosso banco de dados.

vendo por esse lado poderiamos pensar que eles eram apenas formigas. Mas nao eram

fui um deles certa vez. E acredite, aprendi a ama-los. Mesmo com tanta podridão e escuridão no coração humano.

recolhi uma por uma e coloquei no meu frasco. Vi a memoria de todos quando os tocava. Podia ver tudo.

Quem eles foram, não somente nessa, mas em todas suas vidas. Mas um deles realmente tocou fundo em meu coração, há muito tempo parado. Afinal, fui uma dama certa vez e esse coração, eu amei quando meu coração ainda batia. Conhecia essa historia, vi meu proprio rosto refletido nos olhos deste homem. Não fazia muito tempo, pelo menos nao pra mim. Realmente aos olhos dele eu era mais bonita do que aos meus olhos. Ele estava diferente e o coração dele... Quebrado, cheio de magoas e dores. Afinal porque?

Vamos voltar só um dia nessa historia e tudo fará muito sentido.

Era um dia normal, eu já havia sido avisada da tragédia. e do trabalho extra. Estava a espera naquele hospital muito movimentado onde não se fazia mais diferença entre enfermeiros e médicos, todos atendiam igual. Feridos vinham de todos os lados e nao havia tempo. A vida gritava em todos os seus momentos.

o medico corria apavorado de um lado para outro. 3 amputaçoes, um parto e 26 mortes, em um unico dia. Ele era jovem e recem formado. Não fora recrutado pra guerra dado seu problema pulmonar que quase lhe custou a vida quando era pequeno. Mas nessas situações não se fazia distinção. Médicos eram médicos.

Mais uma ambulancia chega cheia de feridos do front. Ele ouve chamarem seu nome alto e vai ate a ambulancia e tira todos de lá, e a pequena garotiha ruiva estava sentada no fundo do carro, perfeitamente bem e linda. Ele pensa por um segundo quem era a garota, mas nao tem tempo de se deter nisso. corre para colocar todos nos seus lugares, todos sendo atendidos. Um minuto de calma e ele é chamado para uma cirurgia. Estilhaços de um projetil no peito de um jovem de 18 anos. Ele nem pede nome, corre para a sala, sem tempo sequer de trocar de jaleco. Na mesa de cirurgia, ele vê o rosto do proprio irmao se contorcendo de dor. Morrendo, pálido. Ele precisa salvar o garoto. Precisa... Aqualquer custo.

A dor no seu proprio peito é excruciante, ele tenta por longas 3 horas, mas o garoto morre, apertando sua mão. Nesse momento o relogio parou, ele já não ouve mais nada. Perdera tudo.... e todos mortos. Todos eles....

Entra em um estado catatonico e vai ate um banco que ficava perto de uma janela, senta ali, com o rosto entre as mãos. As lagrimas nao correm mais, ele já havia morrido por dentro. Um milesimo de segundo, a menina ruiva esta caminhando próximo dali... com os pequenos pés descalços no chão frio. Ela toca o ombro do médico, e ele alarmado com a maozinha quente olha pra menina, que some no ar e ele logo ve uma enfermeira correndo desesperada e gritando.

Ele nao entende o que ela fala. E nao consegue se mover. Ela aponta para a janela e ele olha. Aquela visão pareceu durar anos. A bomba enorme vindo em direção a ele.

sem se mover ele fecha os olhos e tudo fica em silencio. O frio toma conta, nada mais importa a unica coisa que permanece ali é a saudade e a visão da pequena menina que não fazia perte desse mundo.

A correria que aconteceu ali foi grande mas todos morreram. Não houve tempo pra nada. Nenhum adeus. Nenhum bilhete. Nenhuma carta, nenhuma foto. Apenas eu. Horrorizada com a situação, esperando minha vez de trabalhar

Ah! Esse coração.

Chorei com suas memórias. Chorei de saudade. Chorei de pena. Chorei de amor. Chorei de compaixão. E o que me resta?

Levei o frasco para o lugar onde deveria levar. Ainda com minhas lagrimas escorrendo, cega. Despejei seu conteúdo no enorme lago que as memórias formavam.

Já havia ouvido historias sobre o fim das ceifeiras. Sobre o que acontecia com elas depois de algum tempo. Mas jamais tinha visto acontecer e nem me importava, a dor me dizia o que fazer. Larguei meus pertences ao lado da borda e mergulhei, ainda chorando no lago da consciência e da memória.

E ali, a dor cessou. Ali, a agua lavou meu coração há muito parado.

E todo o ciclo iria iniciar novamente

A vida é algo terrivel e maravilhoso,

Que deve ser aproveitada de uma maneira homeopática e exagerada,

Como se fosse morrer amanha, mas viver para sempre,

Como se tudo fosse belo, mas ao mesmo tempo absurdo,

Como se tudo valesse a pena, e mesmo assim nada lhe prendesse a atenção.

Falo isso porque conheço tudo, mas não vi nada,

Por que conheço a vida, mas jamais a enfrentei,

Descobri cada uma de suas facetas, mas jamais procurei por elas.

Descobri cada uma de minhas facetas, e ainda existem mais mil dela para serem descobertas.

Conheci cada um dos meus medos, mas tenho medo de ver quais são eles.

Amei cada pedaço da minha vida, mesmo aqueles que eu odeio.

Sorri todos os meus dias, mesmo nos momentos que estava chorando.

Tudo muito dúbio, tudo muito sem sentido

Tudo contraditório.

Por que nada nesse mundo tem apenas uma verdade

Existem facetas, versões de uma mesma historia.

E cada uma delas vale ser ouvida, descoberta, ignorada e apagada.

Eu ali paralisada,
Sendo observada por todos os transeuntes,
Observada como um objeto
Nunca como alguém
Atrás daquele vidro frio e imundo.
As mulheres paravam, me olhavam, da cabeça aos pés.
Nas nunca se detinham muito em meu rosto.
Os homens, olhavam as formas do corpo, alguns mais sensíveis, olhavam o mesmo que as mulheres.
Mas meus olhos eram evitados,
Como se não apresentassem nada de interessante,
Nada de novo
Como se eu anda sentisse
Como seu eu nada pensasse
Mas eu penso,
Eu observo
Mas a eles eu olho somente seus rostos
Seus olhos.
Suas expressões
E seus corações
Maioria fugitivos, exilados, calados e reprimidos
Tanto quanto eu me encontro
Alguns rebeldes, gritando...
Pouquíssimos em paz, felizes
E aí é que me pergunto, silenciosamente
porque sempre queremos o que não podemos ter? Porque sempre temos o que não queremos?
Tamanha insatisfação
Presente não somente em quem eu observo.
Mas em mim
que tenho por companhia unica, meus pensamentos e meu silencioQ
Sendo observada, mas jamais sendo tocada.