Ela gostava do que lhe agradava, sem muitos questionamentos, afinal ela não queria agradar ninguém.
Certo dia, quando ela estava imersa em seus pensamentos, sentada em um parque, apenas observando o mundo, um garoto sentou ao seu lado e ficou imitando ela, simplesmente olhando para o nada, e de quando em quando olhava para ela, com curiosidade.
Até que a garota resolveu olhar de volta para ele e perguntar quem ele era.
Ele se apresentou e ela também. Começaram a conversar sobre o que ambos estavam fazendo, observar as pessoas. O assunto parecia fluir muito rapidamente com ele. Era algo agradável. E quando estavam indo embora, prometeram manter contato.
A garota então, passou a pensar com frequência em seu novo amigo, porem distraidamente. Eles começaram a se encontrar, para conversar e se divertir um pouco, e a garota notou o quanto ele era amigável, o quanto as pessoas pareciam gostar dele, e o quanto ele era bonito aos seus olhos. Apesar de ela saber que ele claramente não era nenhum galã de filme. Foi ai que aquele pequeno sentimento incômodo começou a surgir. Parecia que de repente, ela nao era boa o suficiente para ter a amizade dele. Ela passou a sentir uma necessidade grande de manter a atenção dele. Pois para ela, ele parecia irreal, como se quando ela piscasse, ele pudesse se desmanchar ou simplesmente sumir... como fumaça no ar.
Eles já conversavam fazia algum tempo e ela sabia do que ele gostava básicamente.
O que achava bonito e o que nao achava. E ela passou a tentar ser alguém que ele gostasse...
Gostar do que ele gostava...
Falar o que ele queria ouvir...
Enfim... ela começou a mudar.
Mas mudança feita por paixão não é uma mudança necessária, e quase sempre é uma mudança dolorida para quem se dispõe a fazer isso.
Ele demonstrava para ela, que era alguém sensível, alguém amável, alguém... HUMANO. E ela acreditava cegamente nisso.
Acabou admitindo seu pequeno pecado de ser apaixonada por ele, e ele, pareceu corresponder. Era carinhoso... E a sensação era tão boa!
Tudo parecia bonito e seus pensamentos egoistas não existiam mais.
Ah, como ela desejava estar sempre ao lado dele!
E passava tantas horas desejando isso, que nao fazia mais o que ela gostava. E de certa forma sentia vergonha de ser como era, e não ser o que ele havia mostrado ser bom.
Certo dia, ele disse que precisava conversar com ela e ela ouviu atentamente... cada palavra.
Mas silenciosamente, omitiu de si mesma as partes doloridas da conversa e deu seguimento ao sentimento, que uma vez era bom mas agora começava a doer.
Doia... nao ser boa o suficiente;
Doia, nao ser ela mesma;
Doia se submeter a coisas que ela não gostava para poder estar com ele
Doia a saudade de seus afazeres... de seus pensamentos....
E ele machucava profundamente os sentimentos dela, com cada gesto que ele fazia.
Sem saber o porque, a garota continuava omitindo os fatos que doiam...continuava a viver seu sonho. O de a amar a pessoa que ela havia criado m seu coração, e sua mente
mas como isso doia!
E ela chorava!
Ela tentou várias vezes fugir da situação que ela mesma havia criado. Mas parecia um vício.
Simplesmente não conseguia se manter longe tempo suficiente para se curar!
E a cada dia, a cada encontro, as feridas abriam mais e a dor já era insuportavel.
Um dia, depois de conversar com uma amiga a respeito e chorar até não ter mais lágrimas, a amiga, que ouvia atentamente, chorou também.
Chorou a dor da garota...
Chorou a falta de força dela...
Chorou seu vicio.
Então, apavorada, a garota percebeu que algo estava errado. Não era mais só ela que chorava, não havia mais nenhum meio de esconder as coisas que a machucavam.
As situações já eram públicas demais. As pessoas já sentiam pena demais...
E não tinha mais como se enganar.
Então ela se recolheu dentro de si mesma. Com dor demais para admitir, com dor demais para pedir ajuda.
Sem ter mais para onde fugir, ou como manter o sonho. Ela odiou! Odiou com força, pois parecia menos doloroso odiar! Não que isso de alguma forma fosse bom. Mas doia menos.
Triste, ela viu o seu mundo sumir. Os amigos, os lugares, as lembranças. Apenas a amiga que chorou por ela, e sua família haviam permanecido ali.
E o tempo passou. Sem amigos, e sem o garoto que ela costumava amar, ela já não via mais razão para manter a máscara. E muito aos poucos, voltou a ser ela mesma. Voltou a sua essência, sem dor.
Mas a memória, e a cicatriz que tudo isso deixou, jamais vai sumir.
Tudo vai ficar ali. Como um aviso, de que é melhor ser cautelosa, e se manter longe das pessoas que uma vez fizeram ela mudar.
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