Era uma vez um farol onde era possivel ouvir as ondas batendo nas pedras o tempo todo...
mesmo quando tinha tempestade
Era um lugar calmo, mas abandonado.
De certa forma as pessoas tinham medo do lugar, ninguem entendia porque.
Seria muito normal se o lugar tivesse algu historico de crimes violentos, historias macabras ou corações partidos.
Mas o lugar apenas havia sido abandonado pela administração, quando foi julgado como "gastos em excesso". E o imponente predio ficou lá, com a pintura envelhecendo, com a luz apagada, e sem ninguem jamais entrar, nem mesmo os arruaceiros.
Um dia em especial, havia uma tempestade castigando muito aquela encosta.
As pedras pareciam gemer com as batidas das ondas, que pareciam machucar, cada vez que as ondas davam as malditas chicotadas nelas. E uma pessoa enfrentava toda aquela chuva.
Indo para algum lugar, com um ar muito preocupado.
Mesmo chegando perto era quase impossivel ver as feiçoes da pessoa... pois a chuva era torrencial.
Mas essa pessoa nao parecia se importar com a dificuldade da caminhada, ou com a chuva em si. Nem mesmo com os apavorantes barulhos das ondas, e dos trovões.
Você já esteve perto do mar em uma tempestade?
Se a agua pode ser um elemento cruel em terra; Tente pensar quando ela se encontra com mais água ainda.
Águas selvagens, e nada amigaveis em dias irritados. A eletricidade do ar parece ferir.
Repentinamente o ser corajoso, parou diante do farol, levantou a cabeça com os olhos apertados para protegê-los da chuva.E simplesmente caiu de joelhos, como se toda a sua força fosse tirada de seu corpo.
Ele deixou o corpo cair.
E os braços cairam de seu lado com as palmas voltadas para cima e simplesmente soltou o grito mais alto que pode.
Um grito de dor. Mas nao de dor fisica, nenhuma destas dores que alguem médico pode tratar. Era uma dor da alma. Daquelas que nada é capaz de apagar, nem amenizar.
O grito foi seguido de trovoadas fortes e a agua parecia responder ao seu grito batendo mais forte ainda nas pedras. Chorando como se fosse uma criança, o homem juntou o resto de energia que tinha em seu corpo e se arrastou para a porta do farol. Para no minimo ter onde se escorar, já que ele sentia como se ele estivesse morrendo e sendo levado pela agua.
Ao se escorar na porta a madeira cedeu, depois de tantos anos sem cuidados e com a umidade que tomava conta. Jah sem pensar, seguindo apenas seus instintos o homem entrou no farol, sentou no meio do predio e olhou em volta. A escada circular q levava ate a luz estava meio destruida mas os degraus de pedra permaneciam. E neste momento a vida toda de um homem comum e bem sucedido mudou para jamais voltar a ser o que era. Ainda com lagrimas nos olhos, ele deitou no chão olhando para cima
pensando nas coisas que tinham acontecido. Se concentrando na dor que sentia.
Não queria se livrar dela. Era a única coisa que fazia ele lembrar que estava vivo.
Mesmo depois de tanto tempo adormecido dentro de si mesmo. Agindo como se nao fosse ele mesmo.
Agarrando -se a essa dor imensa, ele juntou forças para subir até o topo do farol.
A jornada parecia muito pior do que realmante era, mas a cada degrau, ele parecia estar mais próximo de encontrar o que quer que fosse q ele procurava.
Muito arduamente ele conseguiu chegar ao topo. Mesmo com os vidros quebrados, a luz apagada e o telhado danificado, com a chuva caindo em seu rosto, ele viu o mar e sentiu a agua.
Sentiu seu cheiro entrar em seus pulmoes.
Sentiu a força dela, viu a raiva que até mesmo o belo mar poderia carregar. Aquele mar que as pessoas costumam amar somente em verões. O mar calmo onde as crianças brincam, os velhos pescam, e os jovens amam.
Mas ele amou!
Amou o mar em furia;
Amou a raiva;
Amou a força;
E ali ele encontrou o que ele havia perdido. Sua essencia!
No dia em que ele decidiu levar aquela vida de conveniências: escritórios, casamento, casa, familia.
E o dia q ele perdeu tudo por amar uma pessoa que não convinha.
Alguém que era como aquele mar. Que acabou com ele, deixou-o em pedaços.
Mas mesmo assim o fez encontrar o que havia perdido. Horrivel e maravilhosos ao mesmo tempo.
Ele amou.
Se livrando das corrente, ele tomou a mais dificil decisão da sua vida.
Ser ele mesmo.
Sem se importar com o convencional, sem se deixar levar pelos julgamentos.
Liberdade!
Como o mar. Liberdade de ser e sentir, de amar e destruir. E dormiu ali mesmo na chuva
com a promessa sob suas palpebras.
Promessa de levar adiante um plano que faria toda sua vida mudar. Mas mesmo com as interpéries, ele iria prosseguir.
(to be continued)
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